9 de out. de 2009

“Tempestades não são uma opção, mas o medo é”. Enquanto me equilibrava em pé no metrô, sendo acotovelado por alguns trabalhadores mal humorados logo cedo, essa frase saltou do livro de Max Lucado que estou lendo (“Sem medo de viver”) e me fez pensar. Ele usa uma passagem bíblica clássica para ilustrar. Imagine a cena: Pedro e seus amigos no barco em alto mar, açoitados por fortes ondas e ventos. E quando menos esperavam, Jesus aparece no meio do caos, andando sobre o mar. A tempestade continuava ali, mas Jesus caminhava sobre as ondas, como um fantasma. Pedro não se conteve e pediu para ir até ele. Encheu-se de coragem e foi. Foi mesmo. Enfrentou o vento e tudo mais. Só que não durou muito. Logo que percebeu o que estava fazendo, desviou o olhar, teve medo e afundou. Mergulhado literalmente em seu medo, pediu que o Senhor o salvasse. “Homem de pequena fé”, disse Jesus, “por que duvidaste?”.

Por que tanto medo? Por que a valentia e coragem duram tão pouco? Li uma frase outro dia que dizia que heróis são covardes que não tiveram escolha. É verdade. Somos covardes por natureza e de fé limitada. E o pior é que o medo paralisa e afunda. Paralisa nossos movimentos, nos impede de caminhar naquilo que julgávamos o certo a fazer e nos afunda em auto-piedade, tristeza e vazio. Uma sensação de impotência frente ao caos que não termina. Imagino a face de Jesus enquanto olhava Pedro em desespero, se culpando por tomar atitude tão precipitada e inconseqüente. Ele simplesmente duvidou daquele que o sustentara sobre as águas, nos poucos passos em que conseguiu confiar.

Viver com medo, não é viver. É não provar daquilo que só é possível quando se deixa o conforto e o que julgamos seguro. Não há porque temer quando os olhos estão fixos no nosso guia. É como o pai dentro da piscina com os braços abertos gritando para sua filhinha pular. Ela hesita. Vê sua irmã pular sem o menor receio e se diverte com o feito, mas ela não o faz. Com mais alguma insistência do pai, resolve pular e o pai a segura com força. A piscina não é nada demais, seu pai está ali. E agora ninguém consegue parar a menina que descobre o quanto é prazeroso pular sem o medo que a segurava antes (outra ilustração que ele usa no livro). É isso. O medo só nos faz tardar em aproveitar ao máximo o que a vida oferece. Chega do medo. Chega do medo de ter medo. No meio da tempestade nosso Pai aparece, entra no barco e o vento se acalma. E se não se acalmar, ele fica ali, esperando que você ande sobre as ondas até ele ou segurando sua mão, em caso de você permitir que o medo volte. Não permita mais, isso é uma opção.

Bom fim de semana.

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